Em fevereiro de 2024, um grave incidente ocorrido em uma escola pública de Contagem, Minas Gerais, trouxe à tona uma preocupação recorrente, mas muitas vezes negligenciada: a segurança alimentar no ambiente escolar. Mais de 90 crianças passaram mal após consumirem a merenda escolar, sendo que algumas precisaram ser internadas. O episódio provocou revolta entre os pais, mobilizou o Ministério Público e gerou um intenso debate nas redes sociais e nos meios de comunicação.
Os relatórios preliminares revelaram falhas graves nos processos de armazenamento, transporte e manipulação dos alimentos. Não havia rastreabilidade adequada dos fornecedores e tampouco garantia de que os procedimentos básicos de higiene estivessem sendo seguidos. O incidente não apenas expôs fragilidades no sistema, como também colocou em risco a vida de dezenas de crianças.
Infelizmente, esse não é um caso isolado. A cada ano, dezenas de episódios semelhantes são registados em diversas regiões do Brasil, afetando especialmente estudantes de escolas públicas, onde a merenda escolar representa uma das principais — às vezes a única — refeição do dia.
A Merenda Escolar como Direito e Risco
A alimentação escolar deveria ser, por definição, segura, nutritiva e controlada. Ela cumpre uma função social e pedagógica vital, garantindo energia, saúde e capacidade de aprendizagem às crianças em idade escolar. No entanto, a ausência de um sistema robusto de gestão da segurança alimentar transforma esse direito fundamental num risco cotidiano.
Quando falhas estruturais se tornam comuns — como a contratação de fornecedores sem licitação transparente, falta de formação dos manipuladores de alimentos, ausência de auditorias e controle de qualidade —, o resultado é previsível: surtos alimentares que colocam vidas em risco.
O que poderia ter evitado esta tragédia?
Casos como o de Contagem poderiam, sim, ser evitados com medidas técnicas relativamente simples, já conhecidas e aplicadas em países e instituições com maior maturidade na área da segurança alimentar. Entre elas:
Boas Práticas de Manipulação e Higiene (BPM): garantir que todos os profissionais envolvidos na preparação e distribuição de alimentos estejam treinados e conscientes das regras básicas de higiene, controle de temperatura, uso de utensílios adequados e descarte de produtos vencidos ou contaminados.
Rastreabilidade dos produtos e fornecedores: saber de onde vem o alimento, quem o processou, quando foi transportado e em que condições é um dos pilares de qualquer sistema moderno de segurança alimentar. Isso permite identificar e eliminar rapidamente os focos de contaminação.
Auditorias internas e externas regulares: fiscalizações feitas por profissionais independentes ajudam a manter padrões elevados e identificar falhas antes que elas causem danos.
Planos de contingência e resposta a incidentes: protocolos claros para agir diante de uma suspeita de contaminação evitam pânico e permitem atendimento rápido e eficaz.
Formação técnica contínua dos envolvidos: cozinheiras, auxiliares, motoristas, fornecedores e até gestores escolares devem receber formação específica sobre segurança alimentar, prevenção de riscos e boas práticas.
A ISO 22000 como Solução Estruturada
A norma ISO 22000 oferece uma estrutura clara, prática e internacionalmente reconhecida para implementação de sistemas de gestão de segurança alimentar. Ela integra princípios do HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo) com práticas de gestão modernas, oferecendo uma abordagem abrangente e adaptável a qualquer realidade — desde grandes indústrias até pequenas cozinhas escolares.
Aplicar a ISO 22000 nas escolas e demais instituições públicas e privadas não é apenas uma decisão técnica — é um compromisso ético com a saúde e o futuro de nossas crianças. A norma estabelece:
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Avaliação e controlo de riscos em todas as etapas da cadeia alimentar;
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Responsabilidades claras de todos os agentes envolvidos;
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Melhoria contínua baseada em dados e indicadores;
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Cultura de segurança alimentar institucionalizada;
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Comunicação eficaz com todos os interessados, incluindo pais, fornecedores e autoridades de saúde.
Uma oportunidade de mudança: Master Class Gratuita
Com o objetivo de promover esse tipo de conhecimento e encorajar a sua aplicação prática, a QAS Consultoria organiza a Master Class Gratuita: ISO 22000 — Oportunidades e Desafios em Moçambique, Angola e Brasil. Este evento visa capacitar profissionais da educação, saúde, alimentação e segurança, além de gestores públicos e privados interessados em garantir sistemas mais seguros.
Data: 21 de Julho de 2025
Horários:
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Brasil – 13h00
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Moçambique – 18h00
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Angola – 17h00
Evento online e gratuito, com emissão de certificado.
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Conclusão: Segurança Alimentar é Compromisso com a Vida
Os episódios de intoxicação alimentar em escolas brasileiras devem servir de alerta para todos os países lusófonos. A segurança dos alimentos não pode ser deixada ao acaso. É preciso investir em conhecimento, formação, normas técnicas e cultura de prevenção.
Cada refeição segura oferecida numa escola é um passo na construção de uma sociedade mais justa, saudável e preparada para o futuro. É hora de transformar tragédias evitáveis em marcos de mudança.